Por Que Renda Fixa Varia?

Para muitas pessoas, investir na renda fixa é sinônimo de ganhos e não de perdas. Mas será que não há oscilações na renda fixa? Há sim! Por que a renda fixa varia?

Não é só na renda variável que os preços dos ativos variam para cima como para baixo, na renda fixa isso também acontece.

Por Que Renda Fixa Varia?

Existem títulos que podem gerar distorções, onde o valor do papel pode despencar mais de 20%, como pode registrar ganhos de proporção similar, ou até maior.

Investimento de renda fixa

Como o próprio nome já diz, os produtos de renda fixa são aqueles que o rendimento já é conhecido, antes mesmo do investimento.

Portanto, existe uma falsa sensação de que o papel de renda fixa não pode gerar perdas, uma vez que a rentabilidade é sempre positiva. O título de renda fixa sempre vai gerar ganhos e não prejuízos.

Mas infelizmente, isso não é verdade. Praticamente todos os ativos de renda fixa podem gerar perdas aos seus investidores.

Ou seja: um CDB (Certificado de Depósito Bancário) pode render prejuízo? Sim. A mesma coisa acontece com a LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LCA (letras de Crédito do Agronegócio) e LC (Letras Cambiais).

Outros ativos de renda fixa, como é o caso dos CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e as debêntures, também podem gerar perdas.

Como tais investimentos são negociáveis em bolsa, a volatilidade dos preços está ligada à oferta e procura.

Sem procura, mas com boa oferta, é comum ver os preços despencarem. Mas se o inverso ocorrer, então, o preço sobe.

Além desses títulos de renda fixa, ainda há as letras do Tesouro Direto. Com certeza, as letras do Tesouro Direto são os ativos que mais sofrem com a volatilidade dos preços.

Diariamente, ao menos, três vezes, as letras do Tesouro Direto são atualizadas, sendo que as taxas e os valores dos títulos são alterados.

Desse modo, uma letra que rende IPCA+5%, pode acabar registrando perdas em questão de um dia. Ou uma letra que tem rentabilidade de 10% ao ano, pode gerar perdas ao longo de meses.

Essa volatilidade está relacionada à precificação no mercado. Isso significa que os valores das letras, como suas taxas, flutuam conforme a influência do mercado.

Se existe muita procura pelas letras, é possível que as taxas diminuam e os valores das letras aumentem. Agora se os investidores estão evitando comprar tais letras, então as taxas aumentam e os preços diminuem.

Outro item que está relacionado à variação das letras, está baseado no juro futuro. Oscilações em tais de juro futuro podem sim, provocar oscilações nas letras do Tesouro.

Oscilações no preço dos títulos? 

Sim, todos os ativos de renda fixa podem sofrer com a volatilidade do mercado. Mesmo o CDB, LCI, LCA e LC, que são títulos emitidos por bancos, podem sofrer com a volatilidade do mercado.

Mas então, a renda fixa varia qual o motivo? Um dos motivos é a precificação no mercado. A precificação do mercado acontece quando o investidor, detentor dos papéis, tenta negociar tais ativos no mercado.

Vamos supor que o investidor comprou um CDB com vencimento para 5 anos. Mas ao invés de aguardar completar os 5 anos, o detentor do papel resolve vender o CDB antes.

Ao tentar vender antes, o investidor não vai receber o valor referente ao preço do principal mais juro, mas sim, um valor que o mercado vai precificar.

Esse preço pode ser para baixo, ou para cima. Um CDB que tem um rendimento prefixado de 17% ao ano, por exemplo, pode gerar valorização na negociação, uma vez que a rentabilidade é muito alta e chama atenção daqueles que buscam alternativas de renda fixa.

Mas, se o investidor tentar vender um CDB prefixado, com uma taxa de 8% ao ano, o valor do papel provavelmente será descontado, uma vez que a taxa atual de juro, está em 12,75%.

Ou seja, vale mais a pena investir em um título pós-fixado, como o um Tesouro Selic, ao invés de comprar um título prefixado com taxa de 8% ao ano.

Vale destacar que além da rentabilidade, o vencimento do título é outra variante que pode influenciar no preço.

Títulos que possuem vencimento mais longo podem gerar mais distorções em seus preços. Por exemplo: as letras do Tesouro sofrem oscilações diariamente.

Letras que possuem vencimento em 2045, 2050 e 2055, que são as letras de vencimento mais longo, são mais voláteis.

Quando a taxa de juro futuro cai, essas letras costumam se valorizar muito. Mesmo uma pequena desvalorização do juro futuro, pode gerar uma grande valorização em tais letras.

Já o contrário, pode gerar grande prejuízo ao investidor. Por isso, é importante ficar atento aos títulos de renda fixa de longo prazo.

Dá para perder dinheiro com renda fixa?

Sim, dá para perder muito dinheiro com a renda fixa. Além da precificação no mercado, existe mais uma forma de perder dinheiro, é por meio do juro real.

Não basta o investidor conseguir rendimentos com suas aplicações, é preciso ganhar mais do que a inflação para alcançar um ganho real.

Quando o investidor ganha, mas ganha abaixo da inflação, o mesmo está registrando uma rentabilidade negativa.

Em 2021, por exemplo, muitas pessoas registraram rentabilidade negativa devido à alta da inflação e o juro baixo.

Com o juro abaixo da inflação, muitos títulos de renda fixa atrelados a taxas de juro, como a Selic, ou o CDI (taxa do Certificado de Depósito Interbancário), ficaram “negativos” e não conseguiram valorizar o capital do investidor, ou gerar ganhos acima da inflação.

 O que é rentabilidade negativa?

A rentabilidade negativa se trata da diferença entre a inflação e os ganhos do investimento. Quando um investimento registra ganhos abaixo da inflação, podemos dizer que tal título está registrando rentabilidade negativa.

Nos últimos meses o Brasil e o mundo vêm convivendo com a disparada da inflação. Mesmo títulos de renda fixa que possuem boa rentabilidade, não vêm conseguindo oferecer aos seus investidores rentabilidade suficientes para cobrir a inflação e remunerar o capital.

Ou seja, dependendo do investimento, a pessoa está perdendo poder de compra ao permanecer comprado em tal papel.

Um exemplo prático disso é a poupança. A poupança vem rendendo 6,17%+TR (taxa referencial), atualmente o IPCA dos últimos 12 meses está em 12,13%. Então, aqueles que investem na poupança vêm perdendo e muito para a inflação.

Com um IPCA acima dos 12% nos últimos meses, até a Selic vem tendo dificuldades de entregar rentabilidade positiva, uma vez que a mesma está agora em 12,75% ao ano.

Caso a inflação continue progredindo, é possível que a Selic volte a registrar rentabilidade negativa. Se no Brasil já está difícil para os títulos de renda fixa, em outros países, como os Estados Unidos, o cenário é ainda mais complexo para a renda fixa.

Nos Estados Unidos a inflação dos últimos 12 meses está  por volta dos 8,5%, sendo que a taxa de juro está em 0,75% a 1% ao ano.

Portanto, o rendimento negativo por lá, é ainda maior (para aqueles que investirem em produtos que pagam 100% da taxa de juro).

Conclusão

Para muitos investidores a renda fixa é sinônimo de lucro certo, mas infelizmente isso não é verdade.

Como a rentabilidade da renda fixa pode variar, tanto para cima, quanto para baixo, as perdas podem acontecer, de forma similar a renda variável.

Então, qual é o motivo para renda fixa variar? Existem dois motivos: a marcação a mercado e a rentabilidade negativa.

A marcação a mercado acontece quando o ativo está sendo precificado pelo mercado financeiro. Ou seja, o investidor, detentor do papel, está tentando negociar o mesmo com outros investidores.

Dentro do Tesouro Direto isso acontece diariamente. Por mais que as letras sejam de renda fixa e contam com rentabilidade pré-estabelecida, caso o investidor resolva resgatar o valor, esse valor vai ser influenciado pela marcação a mercado.

Portanto, os ganhos podem ser muito maiores do que a rentabilidade conquistada até aquele momento, ou podem ser negativos.

Tudo vai depender do cenário econômico (taxa de juro futura), além da procura pelos papéis. Havendo grande demanda, é provável que haja uma valorização do título.

Já a rentabilidade negativa está associada à inflação superior aos ganhos proporcionados pelo título de renda fixa.

Ou seja, o investidor está comprado em um papel de renda fixa que paga 10% ao ano, mas a inflação está em 11% ao ano.

Em uma situação assim, há uma rentabilidade negativa de 1%. Considerando os dois cenários onde os títulos de renda fixa podem apresentar variações, fica a cargo do investidor avaliar as possibilidades e tomar uma decisão para evitar perdas. Você sabe por que renda fixa varia? Ainda não? Se você tem dúvidas, deixe uma pergunta ao final que já vamos lhe responder.

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