Mesmo que os produtos de renda fixa tenham certa segurança e alguns até garantias, eles continuam tendo algum tipo de risco. Conheça o risco que não se justifica pelos títulos de renda fixa.
Existem algumas características nos produtos de renda fixa que despertam cuidados e podem influenciar em um grau de risco maior ou menor.
Outro ponto relevante está relacionado à rentabilidade que pode se tornar um risco no investimento.
Se você conhecer mais sobre os riscos existentes na renda fixa, acompanhe o nosso artigo.
Quais os principais riscos da renda fixa?
Como já mencionado, há algumas características nos investimentos de renda fixa que podem aumentar ou diminuir os seus riscos.
Dentre todas as características que influenciam o nível de risco do papel, há quatro que se destacam, elas são:
- Liquidez;
- Vencimento longo e curto;
- Garantias;
- Rentabilidade.
Liquidez
Títulos de renda fixa sem liquidez diária acabam tendo mais riscos do que aqueles que possuem. Por exemplo: um CDB (Certificado de Depósito Bancário) de um grande banco com liquidez diária é muito mais seguro do que o CDB de um banco pequeno que possui liquidez em um ano.
A segurança está na própria liquidez, que permite que o investidor faça o resgate dos valores a qualquer momento.
Portanto, se alguma notícia ruim for divulgada referente a instituição financeira, o cliente do banco tem todas condições de resgatar os valores e transferir para outra instituição, ou até mesmo sacar.
Agora, se a mesma situação acontecer com o CDB sem liquidez imediata, será mais difícil fazer a liquidação do papel.
Inclusive, há possibilidade de vender no mercado secundário, porém, com a notícia que a instituição está enfrentando problemas, a venda pode até acontecer, mas com um desconto elevado sobre o papel.
Agora se o investidor comprar um CDB de vencimento ainda mais longo, como por exemplo, três anos, os riscos aumentam ainda mais.
Como é difícil prever qual será a situação do banco daqui três anos, comprar um CDB com liquidez restrita ao vencimento pode ser altamente arriscado.
Vale destacar que as instituições financeiras associadas ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) têm seus CDB e demais investimentos, como as LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), LC (Letra Cambial) e a poupança, protegidos, mas, ainda sim, a um risco elevado.
O FGC protege até 250 mil reais por CPF e instituição, mas tal proteção está vinculada ao valor que o fundo detém no momento, ou seja, se um banco como o Itaú quebrar, será bem difícil o FGC ter recursos para pagar a todos os clientes os valores dentro dos 250 mil reais.
Desse modo, para evitar riscos desnecessários, o investidor deve focar sua prioridade em ativos de liquidez diária e posteriormente, alocar os recursos em outros ativos com liquidez restrita ao vencimento. Antes de investir, faça uma boa análise da instituição e diversifique seus investimentos. Não deixe todos os ovos em uma mesma cesta.
Vencimento longo e curto
Títulos com vencimento de longo prazo tendem a ter riscos maiores, enquanto os títulos com vencimento mais curto são mais seguros.
Junto da questão do vencimento, é importante analisar a instituição financeira emissora do papel, além da rentabilidade que está associada ao título.
Por exemplo: uma letra do Tesouro Direto que possui vencimento para 2055, terá um grau de risco muito maior do que uma letra de vencimento para 2026.
Dentre os riscos que essa letra mais longa pode oferecer há a volatilidade até o vencimento e o risco do emissor.
Por mais que as letras do Tesouro sejam garantidas pelo próprio Tesouro Nacional, ninguém sabe o que será do Brasil até 2055. Portanto, é muito arriscado travar seu investimento até daqui 32 anos.
Outro, porém está relacionado a volatilidade do papel até o seu vencimento. Como as letras do Tesouro possuem liquidez diária, as mesmas são precificadas a valor de mercado.
Ou seja, se o investidor aguardar até o vencimento, o valor do resgate vai computar a rentabilidade oferecida, mas se o investidor resgatar antes, o valor será aquele precificado no mercado.
Desse modo, uma letra pode gerar perdas no curto e médio prazo. Sendo que quanto mais longo for o vencimento, mais volatilidade está letra terá.
Assim, é importante ficar muito atento a investimentos longos. O mais sensato é focar as atenções em papéis de curto e médio prazo, evitando riscos desnecessários.
Garantias
Outra característica que influencia no risco do papel são as garantias. Dentre os produtos de renda fixa, há alguns ativos que possuem garantias muito boas, como por exemplo, as letras do Tesouro.
Ao comprar as letras do Tesouro, o investidor estará adquirindo um ativo que tem a garantia do Tesouro Nacional.
Sendo assim, estamos tratando do investimento mais seguro do Brasil. Depois, há os investimentos emitidos por bancos e instituições financeiras, como o CDB, LCI, LCA, LC e a própria poupança. Esses ativos estão sob a proteção do FGC até os 250 mil por CPF e instituição.
E por fim, as CRI (Certificado de Recebíveis imobiliários), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e as debêntures.
Esses três tipos de investimentos de renda fixa não possuem proteção como os demais títulos já mencionados e por isso, podem ser ainda mais arriscados.
Por exemplo, os CRI contam com garantias vinculadas a ativos da empresa cujo título está sendo emitido, já a CRA possui outros tipos de garantias. Muitas debêntures costumam vir com garantias quirografárias, ou seja, em caso de falência da empresa emissora, o credor fica na fila como os demais credores, sem qualquer privilégio.
Porém, vale destacar que tanto as CRI, CRA quanto as debêntures são títulos que possuem ótimas rentabilidades e dependendo do risco, os ganhos acabam sendo ainda maiores.
Rentabilidade
E por fim, ainda há o risco relacionado à rentabilidade. Ao comprar títulos com liquidez diária, a rentabilidade não será um problema, porque a qualquer momento o investidor pode liquidar a posição e investir os recursos em outro ativo.
Porém, quando existe um vencimento mais longo e a liquidez é restrita a ele, as coisas se tornam mais complexas.
Por exemplo: um investidor compra um CDB com rentabilidade prefixada de 9% ao ano e o título possui vencimento para 2025.
No momento da compra a taxa de juro está em 7% ao ano, ou seja, existe uma rentabilidade acima da taxa de juro do momento e o investidor tem a chance de travar essa boa rentabilidade por vários anos.
Mas, se a o juro subir, como ocorreu nos últimos meses e alcançar os 13,75% ao ano, como está atualmente, esse papel deixa de ser tão atraente e começa a render muito menos, do que vários outros investimentos, inclusive aqueles com liquidez diária.
Portanto, antes de comprar títulos prefixados, é muito importante analisar o tempo no qual o papel vai vencer a rentabilidade, e as condições econômicas do país.
Será que há possibilidade da taxa de juro subir mais? Ou daqui em diante é queda do juro? Tudo isso pode influenciar na tomada de decisão e inclusive, se o seu investimento vai ser, ou não, bom.
Conclusão
Mesmo investindo na renda fixa, existem muitos riscos que devem ser mensurados antes de comprar quaisquer títulos. Então, quais os principais riscos da renda fixa?
Os principais riscos da renda fixa estão vinculados a:
- Liquidez;
- Vencimento;
- Garantias;
- Rentabilidade.
Então, como se proteger dos riscos de renda fixa? Para aqueles que não querem correr riscos , a melhor opção é investir em letras do Tesouro atreladas à Selic e com liquidez diária.
Ou seja, há letras alteradas à Selic com vencimento mais curto, para 2025, onde a rentabilidade dificilmente vai sofrer com a volatilidade do mercado e por não contar com tal volatilidade, a liquidez diária proporciona uma grande vantagem. A qualquer momento o investidor pode resgatar os valores.
Agora investimentos que possuem liquidez restrita ao vencimento, emitidos por instituições pequenas e com prazo de vencimento muito longo, podem gerar riscos elevados.
Além disso, existe a rentabilidade. Um papel prefixado que está rendendo muito hoje, amanhã pode estar gerando ganhos abaixo da inflação.
Considerando esses pontos, é importante conhecer o perfil do investidor e posteriormente fazer uma boa análise sobre a carteira e como será conduzida a estratégia de investimento.
Vale destacar que ao investir em produtos de renda fixa mais arriscados é bom diversificar.
Uma boa solução para investir em ativos de renda fixa de grau de risco maior, são os fundos de investimento.
Assim, o investidor adere a papéis que podem render mais, mas reduz o nível do risco diversificando e contando com a gestão profissional do fundo.
Você sabe sobre o risco que não se justifica pelos títulos de renda fixa? Ainda não? Então deixe uma pergunta ao final que já vamos lhe responder.
Oliver é formado em Ciências Contábeis e atua no mercado como Analista Contábil. Além de ser investidor desde 2010, produz conteúdo sobre finanças desde 2014.