A renda fixa é composta por diferentes investimentos que contam com diferentes vencimentos. Há títulos que possuem liquidez diária e outros que não. Então o que é renda fixa longo prazo?
Para aqueles que buscam investimentos de vencimento mais longo, a renda fixa está repleta de opções.
Mas antes de investir, o investidor precisa fazer uma boa análise para determinar se o prazo mais longo vai proporcionar rendimentos interessantes.
Conteúdo
O que considerar ao analisar um investimento a longo prazo?
Existem alguns pontos que devem ser avaliados antes de comprar produtos de longo prazo, eles são:
- Rentabilidade;
- Segurança do investimento;
- Tributação;
Rentabilidade
Como estamos tratando de investimento mais longo, o investidor precisa ficar atento à rentabilidade.
Por exemplo: um título de renda fixa que paga 100% do CDI (taxa do certificado de depósito interbancário) e tem liquidez diária é muito mais interessante do que um título semelhante, mas que possui vencimento por dois anos.
Devido à falta de liquidez do título que vence em dois anos, aquele papel com liquidez diária e com a mesma rentabilidade, é muito mais interessante.
Agora se o papel que vencem em dois anos oferece 120% do CDI, aí, existe uma diferença que deve ser considerada e que pode influenciar na tomada de decisão.
A rentabilidade maior é um fator que pode influenciar no investimento visando o longo prazo. Hoje, existem CDB (Certificados de depósito bancário) com vencimentos superiores a cinco anos.
Esses papéis só poderão ser resgatados no vencimento, ou seja, o investidor terá que permanecer com o dinheiro lá por muito tempo. Se a rentabilidade não for interessante, não vale a pena investir.
Mas então, o que investir em renda fixa para longo prazo? A partir do momento em que o investidor compra títulos de renda fixa com prazos superiores a dois anos, esse investidor já está construindo uma carteira de longo prazo.
Outro bom exemplo são os papéis que possuem rentabilidade prefixada. Então quanto rende a renda fixa a longo prazo prefixada?
Há títulos no mercado rondando a casa dos 13%. Dependendo do vencimento e da instituição, tal título pode beirar os 14%. Há ótimas oportunidades.
Com uma rentabilidade assim, o investidor pode quase que duplicar o valor aplicado em menos de 10 anos.
Apesar de ser muito interessante, antes de comprar o CDB devido à alta rentabilidade, é preciso avaliar os riscos.
Segurança do investimento
Um CDB com liquidez diária possui um risco de praticamente zero, devido à possibilidade de o investidor poder resgatar os valores a qualquer momento.
Com o resgate simples, o investidor retira seus recursos e está livre para aplicar os valores em outro investimento.
A partir do momento em que o valor precisa ficar aplicado até uma determinada data, os riscos crescem.
Quanto mais longo for o vencimento, maior é o risco. Como os valores vão ficar investidos por mais tempo, a instituição financeira que está ficando com os valores pode falir em alguns anos, tempo suficiente para o investidor não conseguir recuperar os valores do CDB e perder os mesmos.
Vale destacar que ainda existe o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para cobrir eventuais perdas, mas essa proteção possui um limite.
O limite está baseado na capacidade do FGC de honrar com os valores perdidos, ou com os limites que cada investidor possui (de até 250 mil reais por instituição e CPF).
Se um banco como o Itaú vier a ficar insolvente, por exemplo, dificilmente o FGC terá condições de pagar a todos até o limite dos 250 mil reais, por exemplo.
Considerando tudo isso, o investidor deve ficar atento à instituição financeira que está oferecendo o CDB e o vencimento do papel. Vencimentos mais longos, vão oferecer riscos substanciais.
Uma boa forma de avaliar a saúde do banco é por meio do índice de Basileia e do índice de imobilização.
Quanto maior for o índice de Basileia, melhor. O índice de Basileia serve para mostrar quanto capital é de terceiros e quanto é do próprio banco. Já o índice de imobilização, quanto menor, melhor.
Quanto maior o índice de imobilização, maior é a porcentagem do patrimônio do banco que está imobilizada e não líquida. Por fim, nós temos ainda a tributação.
Tributação
A maioria dos investimentos de renda fixa é tributada na fonte. Ou seja, ao resgatar os valores de um CDB, ou letra do Tesouro Direto, em caso de lucro, o investidor terá que pagar imposto de renda.
Nesse caso o imposto de renda é cobrado de forma regressiva. Portanto, quanto mais tempo o investidor permanecer aplicado no ativo, menor será alíquota de IR, segue tabela:
- Entre 0 e 180 dias – 22,5%;
- Entre 181 e 360 dias – 20%;
- Entre 361 e 720 dias – 17,5%;
- Acima de 721 dias – 15%;
Assim, investimentos que duram mais tempo, costumam reter menos imposto de renda, já os investimentos que possuem vencimento mais curto, vão contar com alíquotas de IR maiores.
Considerando a tributação, vale destacar a importância das LCI (letras de crédito imobiliário) e LCA (letra de crédito do agronegócio).
Existem no mercado, letras que por vezes contam com vencimento mais curto, de seis meses, por exemplo. Sendo assim, o investidor pode optar por LCI e LCA para aplicações de curto prazo, desse modo não há tributação, uma vez que o papel é isento.
Para investimentos de prazo maior, o investidor pode optar por bons CDBs, LC (letras de câmbio) ou as letras do Tesouro Direto.
Como montar uma boa estratégia para investir?
A estratégia terá que levar em consideração os três pontos citados anteriormente. Não há como desenvolver uma boa estratégia sem pensar no rendimento, segurança e tributação.
Ao analisar uma carteira moderada, o investidor pode deixar um espaço menor, da carteira, para os produtos de renda fixa de longo prazo.
O mais prudente é deixar uma parcela maior do patrimônio alocada em títulos como o Tesouro Selic ou fundos Selic Simples (fundos que investem predominantemente em Tesouro Selic e não possuem taxa administrativa).
Depois, o investidor poderia alocar uma parcela considerável em títulos de prazo médio, de até dois anos (assim é possível se aproveitar de uma retenção de IR menor).
Não podemos esquecer o investimento em LCI e LCA (tal aplicação pode ocorrer com vencimentos mais curtos, aproveitando a isenção de IR).
Por último, uma parcela menor, em renda fixa de longo prazo (títulos com prazo de vencimento superior aos dois anos)
Assim, o investidor consegue se aproveitar das boas rentabilidades mitigando os riscos. Quanto mais longo for o vencimento do papel, menor deverá ser a concentração nesse tipo de investimento, assim, os riscos são menores.
Reserva de emergência
Para investir visando o longo prazo, o investidor precisa construir uma reserva de emergência. A reserva de emergência deve ser composta por investimentos seguros, com liquidez diária e com rentabilidade similar à média do mercado, algo próximo aos 100% do CDI.
A reserva de emergência também precisa ter um bom montante, uma vez que será através dela, que o investidor vai utilizar os recursos para eventuais emergências.
O investidor pode colocar em sua reserva de emergência, algo como cinco salários. Tudo vai depender do padrão de vida e das necessidades da pessoa.
Riscos
Os riscos do investimento em renda fixa de longo prazo estão vinculados à instituição que está emitindo os papéis à liquidez.
Um CDB que possui vencimento em cinco anos, mesmo sendo de um bom banco, vai lhe proporcionar certos riscos, uma vez que o investidor terá que aguardar cinco anos para ver o valor de volta.
Vale destacar que CDBs, LCI, LCA e demais títulos, podem ser negociados em mercado secundário.
Várias corretoras e instituições financeiras fazem essa negociação, mas, ao fazer isso, o detentor do papel, provavelmente terá um desconto no valor do título.
Por isso, o investimento em renda fixa de longo prazo, tem riscos relevantes e que devem ser considerados.
Conclusão
Ao analisar as opções existentes no mercado de renda fixa, qual é a melhor renda fixa para longo prazo?
A pergunta é difícil, não há como responder de forma direta e conclusiva. Tudo vai depender do perfil do investidor e de suas expectativas.
Aqueles que procuram mais segurança e boa rentabilidade vão procurar letras do Tesouro e CDBs, LCs, LCIs e LCAs.
Outros investidores, mais arrojados, vão se arriscar em debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
Essas opções rendem mais, mas não contam com FGC e tão pouco o Tesouro Nacional. Em caso de insolvência, o investidor provavelmente vai acabar arcando com os prejuízos.
Por isso, é importante fazer uma boa avaliação das opções, sempre levando em consideração o perfil do investidor.
Você sabe o que é renda fixa longo prazo? Não? Ainda tem dúvidas? Então deixe uma pergunta ao final que já vamos lhe responder.
Oliver é formado em Ciências Contábeis e atua no mercado como Analista Contábil. Além de ser investidor desde 2010, produz conteúdo sobre finanças desde 2014.