Uma das principais formas de rendimento na renda fixa é o CDI, ou taxa de certificado de depósito interbancário. Mas você sabe o que é investimento em CDI?
Praticamente todos os investimentos em renda fixa oferecem uma alternativa que tem como rendimento o CDI. Por isso, é imprescindível conhecer mais sobre a taxa que faz parte da renda fixa nacional.
O que são os investimentos em CDI?
O produto de renda fixa que rende o CDI está pagando ao investidor a taxa CDI, que é muito similar a taxa básica de juro, a Selic.
Quando a Selic oscila para cima, ou para baixo, o CDI normalmente oscila de forma proporcional para o mesmo sentido.
O CDI é a taxa que os bancos e demais instituições financeiras utilizam para precificar seus serviços e produtos.
Por exemplo, quando o cliente do banco coloca o dinheiro em um CDB (Certificado de depósito bancário), ele normalmente vai ganhar uma porcentagem do CDI.
Dependendo do banco, a instituição vai remunerar em 100% do CDI, ou menos, 90%, ou mais, 110% do CDI.
Vale destacar que não é só o CDB que tem a alternativa de rendimento com o CDI, as letras LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), também possuem suas opções atreladas ao CDI.
Outros investimentos, como é o caso das debêntures e dos CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) também contam com o rendimento atrelado ao CDI.
Como há diversos investimentos de renda fixa e todos podem vir atrelados ao CDI, o CDI acaba se tornando uma taxa muito interessante e de relevância.
Investimento em CDI paga imposto de renda?
Nem todos os investimentos sofrem com a cobrança de imposto de renda sobre os rendimentos, quando os rendimentos são indexados ao CDI.
Quando analisado o CDB, LCI (Letra cambial) e outros investimentos, como é o caso das debêntures, aí sim, existe a cobrança de IR sobre os ganhos.
Já no caso da LCI, LCA, CRI, CRA e das debêntures incentivadas, não há retenção de IR sobre os ganhos.
Na verdade, o CDI não é um fato preponderante para designar se um ativo sofrerá com a retenção de imposto de renda.
O LCI, LCA, CRI e CRA estão isentos uma vez que há uma legislação defendendo esse direito, ou privilégio. A mesma coisa ocorre com as debêntures incentivadas.
Como calcular o rendimento de seu investimento em % de CDI?
Como já mencionado, o CDI segue de perto as oscilações da taxa Selic, portanto, quando a Selic é alterada, o CDI também sofre mudanças.
De qualquer forma, o interessado pode consultar qual é a taxa CDI em sites especializados em investimentos, por exemplo.
Sabendo qual é a taxa CDI do momento, o investidor pode pegar a porcentagem que o investimento está oferecendo e aplicar ao CDI do momento tal taxa.
Vamos fazer a seguinte simulação de investimento em CDI: O investidor em questão está interessado em um CDB que está pagando 110% do CDI.
Isso significa que a rentabilidade daquele CDB será de 110% do CDI até o vencimento do papel, ou no resgate (caso o título tenha liquidez diária sem um vencimento predefinido).
Se o CDI está em 6,15% ao ano, a taxa anual do CDB será de 110% vezes os 6,15%, que é 6,765% ao ano.
Agora se o investimento oferecer 90% do CDI, então o cálculo fica assim: 6,15% vezes 90% igual a 5,535%.
Dessa forma o investidor tem como prever a eventual rentabilidade do certificado. Vale destacar que existem algumas ressalvas referentes ao cálculo de rendimento atrelado ao CDI.
Por ser uma taxa que pode sofrer várias alterações ao longo do ano, o CDI normalmente não possui uma rentabilidade fixa, ou mínima.
O que isso significa? Significa que o título que entrega 110% do CDI, e no momento está pagando 6,765% ao ano, pode no mês seguinte pagar mais ou menos, caso haja alterações na taxa Selic.
Observando isso, é importante ter em mente que o rendimento é fixo, por que está atrelado a uma taxa conhecida, mas não é um rendimento certo.
Ainda mais quando o título possui um vencimento longo. Quanto mais longo for o vencimento do papel, mais oscilação no rendimento do papel ocorrerá. Dificilmente a taxa básica de juro permanece fixa em um patamar por muito tempo.
É bom deixar claro que os CDBs e demais títulos com vencimentos longos, normalmente possuem taxas de rendimento maiores.
Outra coisa que é considerada é a instituição financeira e sua necessidade por capital. Aqueles que precisam de mais dinheiro, aumentam suas taxas para atrair mais investidores.
O que faz o CDI subir?
O CDI é influenciado diretamente pelas oscilações da taxa Selic, que por sua vez é alterada pelo Banco Central.
O juro no Brasil é utilizado como uma das principais ferramentas no controle monetário. Quando prudente, o BC afrouxa suas regras, deixando um juro menor e facilitando a busca de crédito, ou, quando a inflação está em alta, o BC normalmente eleva os juros na tentativa de restringir o consumo.
Para entender melhor o funcionamento do juro, Selic e o CDI, é preciso compreender mais sobre a inflação.
Inflação
A inflação surge quando existe aumento dos preços de produtos e serviços. Quando o preço não se altera, não há inflação.
Quando o preço cai dos produtos e serviços, então há deflação. O cenário de inflação é considerado normal, mas quando ele fica acima das metas delimitadas pelo próprio BC, aí a inflação deixa de ser benéfica e começa a ser danosa à economia.
A política de metas para a inflação surgiu em 1999 e desde lá vem sendo defendida pelo BC. O próprio BC decide qual será a meta para inflação dos períodos e qual será a banda para cumprir com um nível saudável de inflação.
No caso, a meta da inflação para 2021 é de 3,75%, sendo que a banda é de 1,5% para mais ou para menos.
Já em 2022 a meta foi para 3,5% com a mesma banda de 1,5%. Com a necessidade de cumprir com as metas de inflação, o BC precisa se utilizar das suas ferramentas para tentar calibrar a parte monetária e fazer o real se manter estável.
Hoje, o BC possui duas ferramentas relevantes, uma é a taxa de juro, a Selic e a outra é o câmbio. Quando a inflação é influenciada, sobretudo pela alta do dólar, o BC pode tentar reduzir a alta por meio de swaps cambiais ou através da venda das reservas.
As duas formas geram mais liquidez no mercado e isso reduz as pressões de procura por dólar. Já a alteração no juro, acontece em momentos onde os preços sobem por motivos que vão além do dólar, por exemplo.
Atualmente existem vários fatores que vem influenciando no aumento da taxa de juro. Desde a economia mais aquecida, até a alta dos combustíveis e dos preços da energia elétrica.
Tudo isso influencia no repasse dos aumentos para outros ramos da economia. Desse modo, a inflação inicia um efeito dominó sobre todo sistema econômico.
Quando a tais sinais, onde o juro está em alta e a tendência é de mais altas do juro, os títulos atrelados ao CDI se tornam muito interessantes.
Conclusão
O CDI é uma das rentabilidades mais relevantes do mercado de renda fixa nacional. Praticamente, qualquer opção de investimento em renda fixa tem um produto indexado ao CDI.
Quando a pessoa busca por alternativas para deixar o dinheiro da reserva de emergência protegido e rendendo, os CDBs atrelados ao CDI são uma das principais opções.
Títulos que têm vencimento mais comprido e com restrição de liquidez normalmente pagam mais CDI.
Os títulos atrelados ao CDI costumam especificar qual é a porcentagem da taxa que estão pagando.
Portanto, a títulos que pagam 100% do CDI, 90%, alguns pagam mais do que os 100% chegando a taxas de até 140%.
O CDI varia sempre junto à Selic. Quando o BC faz alterações na taxa básica de juro, pode contar que o CDI vai sofrer mudanças também.
Um dos melhores momentos para investir em títulos atrelados ao CDI é quando a taxa de juro está em alta.
Normalmente, o juro sobe devido à inflação mais alta. Quando a inflação está se aproximando e ficando acima da meta, o BC pode se ver obrigado a subir a taxa de juro e isso é atraente para os títulos de renda fixa atrelados ao CDI.
Em momentos onde o juro está em queda, aí o negócio é procurar alternativas prefixadas.Você compreendeu o que é investimento em CDI? Se não, deixe uma pergunta ao final que já vamos lhe responder.
Oliver é formado em Ciências Contábeis e atua no mercado como Analista Contábil. Além de ser investidor desde 2010, produz conteúdo sobre finanças desde 2014.